quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Há Vaga para Pastor....

COMO CONSEGUIR UM PASTOR INTRODUÇÃO: o ideal é que seja o homem certo (da escolha de Deus) no lugar certo (na igreja escolhida por Deus), conforme Atos 20:17-28. Torna-se então evidente que não trata-se simplesmente da Igreja escolher qualquer um e está tudo bem. (sob medida) de Deus! I. O PASTORADO Definição: - “excelente obra” (I Tim 3:1) - vocação divina (I Tim 1:12) - a mais importante atividade humana - a mais alta posição possível nesta vida - exige tudo o tempo todo (II Cor 12:15) PASTOR : um ser humano fraco, um pecador perdoado, um salvo por Jesus Cristo, um irmão, um servo, um vocacionado que voluntariamente aceitou a chamada. Existem muitas idéias erradas a respeito do pastorado. Certa vez, a professora perguntou a filho do Missionário Jerry D. Ross o que seu pai fazia, e a criança respondeu “Nada, ele é só pastor!”. Vejamos algumas idéias erradas: - apenas mais uma profissão existente - um jeito de ganhar a vida sem fazer força. Prega duas ou três vezes por semana e só - como a maioria dos pastores trabalha para ganhar o pão, muitos acham que é um “bico” - um “hobby” de fim de semana, pois muitos pastoreiam sem nada receberem - um reinado ou feudo, uma posição de poder a ser passada ao filho herdeiro - u m jeito de ficar rico II - A IMPORTÂNCIA DE UM PASTOR Sua importância é grande, em todos os aspectos. O plano de Deus é que cada Igreja tenha ao menos um pastor cuidando dela (Tito 1:5). As suas funções são variadas: - evangelista (II Tim 4:5) - treinador de evangelistas - ministrador das ordenanças - ensinador da Palavra (I Tim 3:2b; 5:17; Efe 4:11) - treinador de ensinadores (II Tim2:2) - conselheiro (por isso é chamado de presbítero, ancião - experiente para aconselhar) - líder (Hebr 13:7,17; I Pedro 5:3) - confidente e incentivador (I Cor 16:16) - modelo ou referência (Hebr 13:7) - juiz (I Cor 6:1-6) Mas a sua principal função é a de “ trabalhar na palavra e na doutrina” (I Tim 5:17). Como um maestro que sabe tocar todos os instrumentos da orquestra, mas fica na coordenarão e direção, assim o pastor não é um centralizador, um “faz tudo” mas sim um supervisor aliás, como quer dizer um dos nomes dados ao cargo, o de “bispo”. Uma igreja sem pastor é como um rebanho de ovelhas sem ter quem cuide delas. Por isso ele também é chamado de “pastor”. A Igreja de Corinto é um triste exemplo de uma igreja sem pastor. Infelizmente algumas igrejas só darão valor aos seus pastores depois de os perderam. III - MOTIVOS PARA UM PASTORADO TERMINAR Um pastor pode parar de cuidar de uma igreja ou abandonar o pastorado por estas razões: - é chamado por Deus para outra igreja - é chamado por Deus para dedicar-se às missões - por causa de desentendimentos entre ele e a igreja - por obra do Diabo - por causa de esgotamento físico e mental (estresse) - por motivo de enfermidade grave - por decisão da igreja em destituí-lo do cargo - por motivo de falecimento Em muitos casos, após um período de afastamento o pastor é reintegrado à sua função. Tal qual marido e mulher, acontecem “reconciliações” entre igreja e pastor. IV - COMO CONSEGUIR UM PASTOR Ë evidente que um pastor não surge de repente ou por acaso. Tudo começa com a Igreja tomando consciência da sua necessidade. Por que Deus daria um pastor se a Igreja não quer ou acha que não precisa? Devem começar então uma campanha de oração neste sentido. A seguir, começar a procurar na própria igreja e depois consultar aos pastores para saber se em suas igrejas há algum obreiro chamado ao pastorado . Sempre há de se tomar o cuidado de averiguar se o candidato preenche todas as pré-qualificaçòes definidas em I Tim 3 e Tito 1 pois todos os itens das duas listas têm a mesma enorme importância. Começa então uma fase muito parecida com um “namoro”, precisando existir: - simpatia inicial mútua - busca sincera da vontade de Deus - muito diálogo e franqueza - sinceridade mútua - mente aberta para a possibilidade de não ser da vontade de Deus - terminar a experiência se perceberem que não é aquilo que sentem em seus corações - se terminar, procurar acabar sem mágoas O obreiro em teste, acompanhado pela esposa e filhos (se o casal os tiver, é claro!), passaria a freqüentar a igreja e ele passaria a pregar em todos ou quase todos os cultos. Outra boa medida inicial seria a re realizarem uma reunião de apresentação mútua e combinarem para combinarem como as coisas deverão ocorrer, inclusive com uma definição em conjunto do prazo ou do tempo que duraria aquela experiência, além de marcarem reuniões periódicas de avaliação. Com as coisas caminhando bem, a família pediria sua transferência para a igreja em que estão trabalhando, havendo assim uma maior aproximação entre todos os interessados. É muito importante que não haja precipitações nas decisões a serem tomadas e que a igreja observe e leve em conta também a família do obreiro em teste (Tito 1:6; I Tim 3:2,4-5,,11). Caberá ao dirigente da igreja liderar reuniões sem a presença do candidato ao pastorado, para a igreja expor livremente os seus sentimentos. Sem essa liberdade de expressão as coisas não irão bem. Se toda a igreja sente que não é por Deus aquele obreiro, não há razão pra “prolongar a agonia”, devendo a igreja oficialmente comunicar ao candidato que não o quer e então dispensá-lo respeitosa, amorosa e educadamente. Receber algum irmão como membro, ou decidir por alguém ocupar ao pastorad0, são decisões que não podem ser tomadas levando em conta apenas a opinião ou desejo da maioria, mas precisa que seja a vontade de todos os membros da igreja (unanimidade) - Atos 1:26; 6:5. V - ENQUANTO ISSO... Neste meio tempo, a vida da igreja continua e ela precisará de serviços pastorais, tanto para orientação geral como para a vida pessoal dos seus membros. A igreja pode pedir a ajuda de outra igreja co-irmã no sentido de compartilhar seu pastor como conselheiro pastoral. Um membro varão deverá ocupar o cargo administrativo de dirigente ou presidente, já que pelo sistema brasileiro a Igreja precisa contar com uma diretoria que a represente legalmente. Este cargo de Presidente (que vem sendo chamado muitas vezes de “dirigente”) e o de vice-presidente, são de natureza apenas administrativa e não pastoral. Sua função principal é a de dirigir as sessões de negócios regulares e convocar as sessões extraordinárias quando forem necessárias, dentro das regras parlamentares. É um engano lamentável confundir dirigente de sessões de negócios com a de dirigente da igreja, que é posição de pastor. Costuma ser um desastre quando um mecânico se mete a dentista ou quando um bom pedreiro tenta fazer o servi/,o de um médico. Também isto é verdade quando um Dirigente tenta pastorear uma Igreja. Paulo colocava obreiros experientes à frente das novas igrejas até que elas consagrassem seus pastores locais (Tito 1:5). Se cada Igreja sem pastor for cuidadosa e prudente, o Domo da Seara haverá de chamar os homens necessários. Como eu digo aos “solteiros desesperados”, é preciso confiar e esperar no Senhor! Este estudo é de natureza preventiva. Como o assunto não é doutrinário, não tem cunho dogmático mas trata-se apenas de uma orientação, já que tenho percebido certa falta clareza de opinião ou de pensamento a este respeito pelos irmãos de um modo geral e muitos me levantam questões a este respeito. crédito texto (Pastor Márcio Luiz Floriano)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

MISSÃO, MINHA OBRA CRISTÃ.

Conta-se uma antiga história de quatro Cristãos chamados, Todos, Alguém, Qualquer Um e Ninguém. Havia algo importante a ser feito, e Todos foram chamados para fazê-lo. Alguém poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez. Alguém ficou com raiva, por que era obrigação de Todos. Todos pensaram que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém percebeu que Todos culpavam Alguém quando Ninguém acusou Qualquer Um. Conclusão: Se Todos assumirem a ação, então Ninguém precisará culpar Qualquer Um, por que Alguém terá feito a tarefa que deveria ser feita por Todos. Nossas razões para não querermos uma responsabilidade tão grande certamente são compreensíveis, não somos suficientemente capazes, hábeis, ricos ou mesmo fortes para cumprirmos a tarefa que sabemos deve ser feita. Você pode dizer a responsabilidade é da igreja, contudo, quando pensamos em igreja lembramos logo do Grande prédio feito de cimento e tijolos , vidros pintados e som de órgão suave. Não é preciso muito para discernir que Deus não deu a responsabilidade a esses. Então quem é o responsável?. A ilustração acima nos mostra que a responsabilidade e trazida geração após geração “ensinado-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” . Se dependesse de muitos de nós a tarefa deixaria de ser feita!!!.Claro porque não sabemos, não temos habilidade nem tampouco dinheiro para tal, por isso fugimos a responsabilidade, fugimos sim ... por que não entendemos a “toda autoridade me foi dada”, quando entendermos então saberemos depender e saber, que tudo providencialmente será dado por Deus. Minha resposta a esses questionamentos são: Quando aceitei a Cristo Jesus como meu Salvador pessoal, fiz isso individualmente; Quando fui batizado, entrei sozinho no tanque onde estava o Pr; E para eu entender o que está no coração de Deus, ‘o meu IDE’, Também é individual!!! Faço ou não faço parte da Grande Comissão dada por Cristo aos Apóstolos?. Quando Pedro viu os 3.000 convertidos no Dia de Pentecostes, percebeu que seu trabalho estava apenas começando. Ele chamou essa responsabilidade para si. Ele absorveu as palavras de Jesus, pouco tempo antes daquele episódio “IDE; é o que interessa, Eu e Você recebemos essa missão. A geografia e irrelevante desde que esteja obedecendo!; Através de orações desde que esteja obedecendo!; Alcançando o mundo com suas finanças, vida ou ações, obedeça, faça discípulos, isso é IDE; Onde quer que você vá, sua Missão é evangelizar. Albertino Silva – Missionário Paraguay .

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"UNGIDO DO SENHOR"

O USO CORRETO DA EXPRESSÃO "UNGIDO DO SENHOR" “O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR” (1Samuel 24.6). “A Bíblia diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor!” Quantas vezes você já ouviu essa afirmação, que soa como uma espécie de imprecação e ameaça? Particularmente, já ouvi dezenas de vezes. Já li outras tantas. Ela é usada com frequência por alguns pastores e líderes que imaginam que o pastorado os torna incriticáveis. A ideia transmitida pelo uso indiscriminado da expressão “sou um ungido do Senhor” é que a mesma é uma espécie de “imunidade eclesiástica”, que concede ao indivíduo licença para fazer o que quiser, agir como bem entender, sem a obrigação moral de prestar contas a ninguém por seus atos e seus desmandos. Basta que você admoeste o indivíduo por alguma coisa para imediatamente ele (ou alguém que o apoia em suas loucuras megalomaníacas e narcisistas) diga: “A Bíblia diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor!” Será que isso está correto? Será que os pastores são os “ungidos do Senhor” e, por essa razão, são incriticáveis e intocáveis? Possuem eles algum tipo de imunidade, que o impede de ser admoestado, exortado a se arrepender de seus pecados? Precisamos examinar as Sagradas Escrituras, pois só elas podem nos dar o correto entendimento da expressão. A expressão no Antigo Testamento O termo “ungido” (no hebraico, x;yvim' [Mashiah] aparece 47 vezes nas Escrituras do Antigo Testamento, majoritariamente em 1 e 2Samuel (19 vezes) e em Salmos (9 vezes). Victor P. Hamilton afirma que, “mashiah é quase exclusivamente reservado como sinônimo de ‘rei’ (melek, q.v.), como em textos poéticos, onde é paralelo de ‘rei’ (1Sm 2.10; 2Sm 22.51; cf. Sl 2.2; 18.50 [51]; mas cf. Sl 28.8, onde é paralelo de ‘povo’). São notáveis as frases ‘o ungido do SENHOR’ (mashiah YHWH) ou equivalentes, tal como ‘seu ungido’, as quais se referem a reis”.[i] É importante compreender, como afirma Geerhardus Vos, que “a palavra sempre é qualificada por um genitivo ou um sufixo ligada a ela: ‘o Messias de Yahweh’ (‘o Ungido do Senhor’), ou ‘meu Messias’ (‘meu Ungido’)”.[ii] Algumas passagens podem ajudar a elucidar isso: “Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido” (1Samuel 2.10). No contexto da escolha de Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta Samuel, em seu discurso de despedida, diz: “Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o SENHOR e perante o seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei [...] E ele lhes disse: O SENHOR é testemunha contra vós outros, e o seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha" (1Samuel 12.3,5). Por ocasião da unção de Davi como rei de Israel, Samuel imaginou que Eliabe fosse o ungido do Senhor: “Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido” (1Samuel 16.6). “No presente sou fraco, embora ungido rei...” (2Samuel 3.39a). “Então, respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria, pois, Simei por isto, havendo amaldiçoado ao ungido do SENHOR?” (2Samuel 19.21). “É ele quem dá vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre” (2Samuel 22.51). Todas as passagens listadas acima mostram, de forma indubitável, que a figura do “ungido do Senhor” no Antigo Testamento era o rei de Israel, o rei-pastor, responsável pela condução e cuidado das ovelhas de Yahweh. Outra passagem muito importante que atrela o conceito de “ungido do Senhor” à figura do rei é 1Samuel 24.6: “O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR” (cf. também 24.10; 26.9,11,16,23 e 2Samuel 1.14,16,21). O “ungido do SENHOR” a quem Davi se refere é o rei Saul. Matthew Poole afirma que essa expressão significa que Saul foi “ungido por Deus para o reino”.[iii] Isso é representado pelo ato de ter sido ungido com óleo pelas mãos do profeta Samuel: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1Samuel 10.1). No Pentateuco o termo mashiah foi usado para se referir ao ofício sacerdotal. “Moisés recebeu instruções para ungir, ordenar e consagrar Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio”.[iv] Em Levítico 16.32 está escrito: “Quem for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai se fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas”. Outras passagens que falam dos sacerdotes como “ungidos” são: Levítico 4.3,5,16; 6.20,22 e Números 35.25. Além disso, Êxodo 29 traz em detalhes as prescrições divinas para a unção e consagração de Arão e seus filhos como sacerdotes. Existe discussão quanto à unção para o ofício de profeta. Existe discussão até mesmo sobre profeta não ser um ofício. Há quem defenda essa posição. De acordo com essa visão, visto que os profetas não eram ungidos no Antigo Testamento, eles não podem ser considerados como detentores de um ofício, mas sim de uma função. Essa posição é seriamente desafiada por Gerard van Groningen, que acertadamente diz: Pela falta de prova bíblica não se deve concluir que os profetas não eram ungidos, isto é, designados, separados, autorizados e capacitados para seu trabalho. O fato de não haver relato de um rito de unção prescrito não significa a inexistência de um rito. O fato de haver referência à unção de profetas leva-nos à suposição de que um rito poderia ter sido conhecido, mesmo que não fosse praticado sempre da mesma forma. Os profetas eram considerados ungidos, como claramente inferimos das ordens de não “tocar” os ungidos de Deus e de não “maltratar” seus profetas (Sl 105.15 e 1Cr 16.22 – paralelismo sintético). As referências são aos patriarcas. Não se sabe como e quando eles foram ungidos, mas os patriarcas eram profetas, servos ungidos de Deus. O fato de o Senhor mandar Elias ungir Eliseu (1Rs 19.16) certamente significava que os homens foram feitos cônscios de sua designação, consagração, autoridade e capacitação para um ofício.[v] Além disso, a passagem de Isaías 61.1-3 fala exatamente da unção de um profeta: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória”. Gerard van Groningen afirma que, “não é descrito o ritual da unção, mas há referência a ele e o resultado é claramente expresso”.[vi] Para quem os três ofícios e a expressão “ungido do Senhor” apontam? Como foi atestado pelo Antigo Testamento, os “ungidos do Senhor” eram homens escolhidos pelo Senhor para desempenharem os ofícios de rei, profeta e sacerdote. Além desse fato, dois homens, a saber, Moisés e Samuel, desempenharam os três ofícios simultaneamente. Moisés serviu como profeta, transmitindo a vontade de Deus ao seu povo, como sacerdote que oficiou a consagração de Arão e seus filhos e como o líder (governante).[vii] Samuel, semelhantemente, era um profeta, um sacerdote que oferecia sacrifícios a Deus e um juiz, alguém encarregado de governar o povo. Mais uma vez, Gerard van Groningen faz um excelente comentário sobre a interrelação dos três ofícios: “É fora de dúvida que os três ofícios deviam complementar-se entre si e cumprir papéis que eram vitais para cada um dos outros dois. Este fato esclarece por que os três ofícios eram cumpridos por homens designados como ‘ungidos do Senhor’”.[viii] Os três ofícios, profeta, sacerdote e rei, foram desempenhados pelo Senhor Jesus Cristo. E, de fato, todos aqueles que, no Antigo Testamento, desempenharam essas funções e, por essa razão, eram conhecidos como os “ungidos do Senhor”, apontavam para Jesus Cristo. Todos os profetas, sacerdotes e reis da antiga administração do Pacto eram tipos de Jesus Cristo, prefiguravam o Messias, o Ungido de Deus. O Catecismo Maior de Westminster, respondendo à pergunta 42[ix], diz o seguinte sobre o tríplice ofício de Cristo: “O nosso Mediador foi chamado Cristo porque foi, acima de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda a autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote e rei da sua Igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no da sua exaltação”.[x] O mesmo está expresso pela Confissão de Fé de Westminster, no capítulo sobre “Cristo, o Mediador”: “I. Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do mundo”.[xi] William G. T. Shedd expõe as maneiras como Cristo desempenhou os três ofícios da seguinte maneira: Seu ofício profético é ensinado nas seguintes passagens: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim” (Dt 18.15,18; Atos 3.22); “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas” (Is 61.1; Lc 4.18). Seu ofício sacerdotal é ensinado nas seguintes passagens: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4; Hb 5.5-6); “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus” (Hb 4.14-15). Seu ofício real é ensinado nos seguintes textos: “o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6-7); “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (Sl 2.6).[xii] A afirmação de Turretin também é interessante: Agora, como todos os tipos relacionados com Cristo obtiveram o seu cumprimento nele, Cristo deve apresentar a verdade desse tríplice ofício em si mesmo, mas muito mais perfeitamente do que nos outros – não apenas em razão da conjugação destas três partes (que nenhum homem poderia cumprir ao mesmo tempo, como já vimos), mas também em virtude da eminência e dignidade, tanto do seu ofício como dos seus dons.[xiii] Conclusão A conclusão à qual podemos chegar após o arrazoado feito até aqui, é que todos aqueles que sob a economia do Antigo Testamento foram chamados de “ungidos do Senhor” serviam como tipos de Jesus Cristo, ou seja, eles eram prefigurações de Jesus, apontavam para o verdadeiro Messias, o verdadeiro Ungido. Sendo assim, a expressão “ungido do Senhor” é claramente messiânica, e todos aqueles que nos dias de hoje se apropriam de tal expressão estão, na realidade, agindo com um maligno messianismo, colocando-se no mesmo patamar de Jesus Cristo, exigindo das pessoas sob seus cuidados uma revência, uma dignidade e honra que pertencem exclusivamente a Jesus, o Ungido do Senhor. Além disso, esconder-se atrás da expressão “ungido do Senhor” é, de certo modo, esposar o episcopado romanista. Aqueles que se consideram como os intocáveis “ungidos do Senhor” dão a entender que possuem um tipo de unção diferenciada, uma unção desconhecida e não possuída pelas pessoas comuns, os membros da igreja, o que é algo falso e antibíblico. Pastores não são “ungidos do Senhor” de maneira diferenciada. Eles não são Ungidos, Messias, dotados de um tipo de “imunidade diplomática”. Vociferar: “A Bíblia diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor! Por isso, não me toque! Não queira ser meu inimigo, pois o Senhor pesa a mão sobre todos aqueles que tocam nos seus ungidos!”, é cometer um sério atentado contra a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes. O Novo Testamento apresenta uma expansão nesse conceito, mostrando que todos aqueles que estão unidos a Jesus Cristo, o verdadeiro Ungido do Senhor, são igualmente ungidos pelo Espírito Santo como profetas, sacerdotes e reis. O apóstolo Pedro faz uma afirmação fantástica nesse sentido: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9). Os três ofícios são mencionados por Pedro: “sacerdócio real” (ofícios sacerdotal e real), e “a fim de proclamardes” (ofício profético). O apóstolo está falando de todos os verdadeiros crentes. Todos eles são “sacerdócio real”. Todos têm o dever de proclamar “as virtudes daqueles que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Encerro com a correta afirmação de Geerhardus Vos: “O Rei ‘ungido’ e o povo ‘ungido’ estão intimamente relacionados. O caso paralelo da atribuição da ‘filiação’ a ambos sugere a possibilidade da posse comum da ‘unção’ por parte de ambos. No Novo Testamento, a unção é concedida tanto a Cristo como aos crentes”.[xiv] Portanto, ninguém pode dizer: “Sou um ungido do Senhor, e por isso, ninguém pode tocar em mim!”, sem incorrer em grave falta. [i] Victor P. Hamilton, In: R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., e Bruce K Waltke. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2001. p. 885. [ii] Geerhardus Vos. The Self-Disclosure of Jesus: The Modern debate about the Messianic Consciousness. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2002. p. 105. [iii] Matthew Poole. A Commentary On the Holy Bible: Genesis-Job. Vol. 1. Grand Rapids, MI: Hendrickson Publishers, 2010. p. 572. [iv] Gerard van Groningen. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 29. [v] Ibid. p. 30. [vi] Ibid. p. 31. [vii] O teólogo genebrino Francis Turretin afirma que, “nunca conhecemos ninguém que, perfeitamente, cumpriu os três ofícios. Eles estavam reservados para Cristo”. Cf. Francis Turretin. Institutes of Elenctic Theology. Vol. 2. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1994. p. 392. Todavia, a discordância pode ser entendida quando leva-se em consideração que Turretin tem em mente o ofício real em si mesmo, ao passo que menciono Moisés e Samuel não como reis, mas simplesmente como homens que exerceram o governo entre o povo de Irael. [viii] Ibid. [ix] Pergunta 42: Por que foi o nosso Mediador chamado Cristo? [x] O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 52. Ênfase acrescentada. [xi] A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. pp. 73-74. [xii] William G. T. Shedd. Dogmatic Theology. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2003. p. 681. [xiii] Francis Turretin. Institutes of Elenctic Theology. Vol. 2. p. 394. [xiv] Geerhardus Vos. The Self-Disclosure of Jesus: The Modern debate about the Messianic Consciousness. p. 107. do site http://www.cristaoreformado.com